Educação que transforma: a jornada rumo à Bandeira Verde

Como escolas brasileiras estão integrando sustentabilidade à gestão, ao currículo e à comunidade por meio da metodologia Eco-Escolas

 

A conquista da Bandeira Verde pelo Programa Eco-Escolas é um marco de excelência que reconhece o compromisso das instituições de ensino com a construção de uma cultura de sustentabilidade. Mais do que um reconhecimento simbólico, trata-se de uma validação de processos pedagógicos, administrativos e comunitários que colocam a sustentabilidade no centro do projeto educativo, de forma integrada e contínua.

No âmbito do programa, adotamos a abordagem denominada Whole School Approach, que compreende a escola como um todo — envolvendo estudantes, educadores, gestores, famílias e comunidade local — em ações que ultrapassam o discurso em sala de aula. A sustentabilidade passa a ser vivida na prática: na gestão dos resíduos, no uso consciente de recursos, nas decisões de consumo, na comunicação institucional e no relacionamento com o território. Essa abordagem reforça o papel das escolas como espaços de transformação social e ambiental, onde os valores são incorporados à rotina e ao comportamento coletivo.

Aliado a isso, a metodologia do Eco-Escolas valoriza fortemente o protagonismo estudantil por meio da Aprendizagem Baseada em Projetos (PBL). Ao identificar desafios reais do seu entorno e propor soluções colaborativas, os estudantes se tornam agentes ativos de mudança. Essa vivência promove o desenvolvimento de competências essenciais como responsabilidade, pensamento crítico e engajamento comunitário, proporcionando um processo de aprendizagem que é, ao mesmo tempo, profundo, prático e significativo.

A implementação da metodologia ocorre a partir dos sete passos do Eco-Escolas, que incluem a criação de um comitê representativo, a realização de diagnósticos, a definição de temas prioritários, o planejamento e execução de ações, o monitoramento, a construção de um código de conduta e a divulgação dos resultados. Esse percurso pedagógico é adaptado conforme a faixa etária dos estudantes, guiado pelo referencial GAIA 20:30 — um arcabouço que articula os objetivos de aprendizagem do programa aos princípios da Educação para o Desenvolvimento Sustentável e aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU.

Durante o primeiro ciclo de participação, as escolas trabalham os três temas básicos: água, energia e resíduos. A partir do segundo ciclo, é possível aprofundar a abordagem com temas mais complexos, como biodiversidade, mudanças climáticas, alimentação e consumo responsável, saúde e bem-estar, entre outros. A escolha dos temas é orientada pelas necessidades e prioridades da própria comunidade escolar, promovendo um processo participativo, contextualizado e com resultados concretos.

A Bandeira Verde, portanto, não é apenas um selo de reconhecimento. Ela representa uma jornada pedagógica construída com intencionalidade, escuta e compromisso coletivo. É um símbolo que traduz o esforço de educar para a cidadania planetária, com base em valores como responsabilidade, cooperação e respeito aos limites do planeta.

Como coordenadora nacional do Programa Eco-Escolas no Brasil, reitero minha admiração por todas as instituições que alcançaram essa conquista e convido novas escolas a fazerem parte desta rede internacional, que acredita no poder da educação para transformar realidades e construir um futuro mais justo, sustentável e solidário.

 

Aline Tiagor
Coordenadora Nacional do Programa Eco-Escolas – Brasil
www.ecoescolas.org.br

Matheus Bonfim